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Palestrantes salientaram a importância de aprender com a pandemia de covid-19 e outras emergências recentes.
O segundo dia da 17ª ExpoEpi iniciou com a mesa redonda "Prevenção, Preparação e Resposta às emergências em Saúde Pública no cenário mundial". Os palestrantes refletiram sobre as lições aprendidas nas emergências em saúde pública das últimas décadas e projetaram os movimentos que devem ser feitos no futuro para que os países possam responder aos próximos eventos de saúde pública de forma oportuna.
O debate foi coordenado pelo representante da Fiocruz/RJ, Rivaldo Venâncio da Cunha, que introduziu a discussão falando sobre a necessidade de união de esforços para a construção de um mundo mais seguro e justo para as futuras gerações. De acordo com ele, isso exige necessariamente a colaboração entre os povos e a paz entre as nações e que, por isso, é necessário enfrentar as brutais desigualdades e crises humanitárias que se repetem ao longo dos anos em muitos lugares do mundo.
O diretor do Departamento de Prevenção, Controle e Eliminação de Doenças Transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), Sylvain Aldighieri, falou sobre as lições aprendidas nos últimos anos e perspectivas para o futuro na preparação, vigilância e resposta às emergências em saúde pública no cenário mundial. Ele iniciou fazendo um retrospecto das principais emergências das últimas décadas e os pontos que se destacaram na resposta de cada uma delas. Para ele, alguns dos focos principais no próximo ano devem ser a maior integração da vigilância genética nos sistemas de saúde, sistemas baseados na atenção primária e programas expandidos de humanização.
A consultora de comunicação do Centro Europeu para o Meio Ambiente e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Leticia Linn Campana, falou sobre o cenário da comunicação de risco mundial e o manejo de infodemias e da desinformação. De acordo com ela, a pandemia de covid-19 pode ser considerada a "mãe" de todas as emergências para a comunicação por exigir que os profissionais trabalhassem com a incerteza, com notícias falsas e com o forte peso do discurso político relacionado à saúde. Para ela, um dos principais aprendizados é a necessidade de construção de equipes especializadas em comunicação de risco nos países, que contem com investimentos robustos e metodologias organizadas.
Campana também sinalizou a necessidade de trazer a perspectiva de "one health" para a comunicação de risco, integrando órgãos de diferentes setores nos processos, como a saúde ambiental e animal, e de articulação comunitária. Em relação às infodemias, a especialista alertou para os riscos dos vazios de informação que acontecem quando os entes públicos não realizam uma comunicação de risco efetiva, o que deixa o ambiente mais propício para a influência de notícias falsas.
O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (DEMSP), Márcio Garcia, falou sobre as iniciativas do Ministério da Saúde nas áreas de preparação, vigilância e resposta às emergências em saúde pública. Garcia expôs a visão de futuro do governo brasileiro no tema, que passa pelo fortalecimento da inteligência epidemiológica, da integração de informações, da comunicação de risco e da articulação comunitária. Ele também mostrou como o departamento trabalha atualmente na formação de trabalhadores do SUS para as emergências, por meio dos programas EpiSUS e Profesp, realiza a vigilância de eventos em saúde pública, por meio do CIEVS e da Renaveh, e atua em desastres, com o programa Vigidesastres e a gerência de riscos relacionados a elementos químicos, biológicos, radiológicos e nucleares (QBRN). Garcia também ressaltou o trabalho realizado pela SVSA que culminará no lançamento em 2024 do Centro Nacional de Inteligência Epidemiológica do Ministério da Saúde.
"O Brasil precisa aprender as lições da pandemia de Covid-19. Os impactos no nosso país poderiam ter sido menores, mas não foram por causa das escolhas políticas. Nossa escolha agora é a ciência, a preparação, a vigilância e a resposta. As mudanças e a reconstrução que estamos fazendo no Brasil começaram em 1º de janeiro de 2023, mas fazem parte de um processo contínuo e longo que temos muito orgulho em dedicar esforços", afirma.
Gabriel Galli/MS