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Fortalecimento de estratégias para articulação intersetorial foi o eixo principal do debate
O terceiro dia da 17ª ExpoEpi foi encerrado com o painel "Integração das ações de preparação, vigilância e resposta às emergências em saúde pública no Brasil: desafios e perspectivas". A atividade foi coordenada pelo coordenador-geral do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CGCVIEVS), Daniel Roberto Coradi de Freitas.
O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (DEMSP) do Ministério da Saúde, Márcio Garcia, tratou dos desafios da articulação em rede após a pandemia de covid-19 no país. De acordo com ele, alguns dos aprendizados da pandemia precisam se tornar estratégias prioritárias nos próximos anos. Entre eles, está o investimento de forma sustentável em serviços de saúde pública e atenção primária, o fortalecimento da cooperação internacional e a ampliação da capacidade laboratorial.
Garcia também ressaltou a importância do fortalecimento da articulação de estados e municípios com as redes já existentes coordenadas pelo Ministério da Saúde, como o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), a Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (Renaveh) e o Vigidesastres. Além disso, sinalizou que o DEMSP tem à disposição ações para orientação e treinamento de estados e municípios, como a área técnica de QBRN (eventos relacionados a elementos químicos, biológicos, radiológicos e nucleares), as equipes de resposta rápida e os programas de Formação em Emergências em Saúde Pública (Profesp) e de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde (EpiSUS). "O futuro do SUS está nas nossas mãos e podemos fazer muito se nos unirmos e entendermos que, independentemente do nível de gestão, somos um só", concluiu.
A secretária municipal de Saúde de Araraquara, Eliana Aparecida Mori Honain, falou sobre a estratégia de vigilância e resposta subnacional da covid-19 aplicada localmente. A cidade foi reconhecida nacionalmente pela realização de um lockdown rígido por cinco dias em 2021 como uma das estratégias para contenção do vírus. Ela contou também como aconteceu a organização da atenção primária à saúde no município, que teve como alguns dos elementos principais a construção de um fluxograma de manejo clínico de pacientes, a divulgação dos materiais do Ministério da Saúde para os trabalhadores e a utilização de estratégias de educação à distância para prevenção e tratamento da doença.
A pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fiocruz, Ana Lucia de Moura Pontes, tratou sobre o enfrentamento à emergência por desassistência ao povo indígena Yanomami. Ela resgatou os principais elementos que marcaram a atuação do Centro de Operação da Emergência (COE Yanomami). Entre os pontos levantados, estiveram as dificuldades logísticas para acesso e transporte de insumos ao território e, como elemento positivo, a possibilidade de articulação interministerial para resolução de problemas.
O coordenador de Emergências em Saúde Pública da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Alexander Rosewell, teve como tema de sua fala a estratégia de integração e articulação das ações de preparação, vigilância e resposta às emergências para além das fronteiras do Brasil. Ele apresentou as estratégias globais, regionais e nacionais que a Opas está desenvolvendo no momento, destacando os processos de gestão de risco dentro da Organização Mundial da Saúde (OMS). Rosewell salientou que modelos estatísticos informam a grande possibilidade de ocorrência de uma nova pandemia nos próximos 25 anos e que, por isso, a OMS já tem atuado na perspectiva de preparação para um novo evento de saúde pública de importância internacional. Neste sentido, uma das principais ferramentas criadas pela organização é a iniciativa de Preparação e Resiliência para Ameaças Emergentes (PRET). O objetivo é aproveitar a experiência adquirida no combate ao coronavírus e outras emergências recentes de saúde pública.